De madrugada, e nem tão de madrugada assim, tudo muda. Não é apenas eu, é tudo! O som, as vibrações que as paredes passam. É o cheiro da noite, os insetos que voam pelo meu quarto, a luz que brilha do poste. É o vizinho que assiste sua tv na casa em frente a minha, completamente solitário - apesar de ter uma família em sua volta. Sou eu e minha mania eterna de me sentir sozinha e fraca. É o frio que entra por debaixo da porta. É essa tristeza que me agarra todas as noites, todas as eternas noites.
Nada tem graça, e ao mesmo tempo, tudo me faz rir.
- Será loucura?
- Provavelmente.
- O que devo fazer?
- Hum... talvez nada, talvez alguma coisa.
- Não entendo.
- Okay. Pode ser isso também.
Assim é a noite: um diálogo vazio e sem sentido comigo mesma. Mas o que me deixa assim, sem folego, é essa grande possibilidade que as noites me trazem. É a capacidade de ser tudo e ser nada, de transbordar e de esvaziar, ir e vim, soltar altas gargalhadas ou chorar compulsivamente, de ser ou não.
- De ser ou não.
Hoje meu pai me disse para achar minha verdadeira paixão na vida e então, seguir. Ele disse que se eu a encontrasse, saberia para onde ir, o que fazer.
Paixão. Paixão. Paixão.
Paixão. Paixão. Paixão.
- Como faço para achá-la?
- Vai ter que descobrir sozinha.
Talvez as noites sirvam para que cada um possa encontrar suas paixões, ou chorarem por não tê-las.
Eu choro.
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