Entro na sala de aula e lá está Felipe conversando todo animado, ele me vê e sorrir caminhando em minha direção. As coisas que ele disse ontem ainda estão circulando dentro da minha cabeça, passei a noite anterior inteira tentando entender o que ele queria dizer com sempre estará aqui para ser meu santuário? Eu nunca tinha o visto dizer esse tipo de coisa, me sinto perdida sem saber que Felipe era aquele. Ele sempre foi cheio de si, sempre saio o várias garotas e sempre sorri, como pode ele dizer que se sente só? O que ele esperar atingir dizendo aquelas coisas? Ahh! Minha cabeça está tão confusa, estou perdida em milhões de pensamentos e nada faz sentido. Será que não foi apenas uma de seus brincadeiras? Isso começa a me deixar chateada.
- Bom dia! - Ele parece mais feliz hoje.
Me abraça e me beija na bochecha.
- Bom dia. - Respondo sem olhar para ele. Sento na minha cadeira e começo a tirar o material da bolsa. Quando avisto Adriana chegando, levando e vou em sua direção. Preciso sair de perto dele.
- Bom dia, flor. - Digo sem deixar que aparente minha aflição.
- Preciso falar com você, urgente! - Drih coloca sua bolsa na mesa e me puxa pelo casaco, me levando para fora da sala.
Quando estamos no corredor, ela me olha como se guardasse um segredo.
- O que foi? - Pergunto.
- Você não vai acreditar quem foi falar comigo ontem!
- Quem? - Começo a ficar apreensiva.
- O Felipe!
- Felipe? - O Felipe foi falar com ela? Mas o que isso tem de novo? Eles são melhores amigos, vivem se falando. Não entendo o motivo de tanta agonia.
- Ele veio conversar sobre umas paradas ai... ficou contando os problemas de sempre - Adriana revira os olhos. - ai contou sobre o passeio de vocês no meio da mata.
Ah não! Ele contou sobre aquilo pra ela! Adriana me lança um olhar desconfiada e meu coração para. Ele contou que eu chorei! É melhor eu inventar uma desculpa logo. Quando estou preste a abrir a boca para dar uma desculpa, Adriana fala:
- O Felipe está afim de você Mari.
Eu paro na hora. Esqueço tudo que ia falar, e só presto atenção naquela fala.
- O-o que? - Minha voz sai mais baixa que deveria.
- Ele veio ontem contar sobre o passeio de vocês e que desde que vocês passaram a andar juntos, já não pensa mais na Laura, ou em como se sentiu acabado por ter sido traído por ela. Ele disse que está gostando e que queria ficar com você!
Permaneço calada sem saber o que falar.
- Mas isso tem que ficar em segredo. Ele disse que não era para dizer nada, mas como sou sua amiga e dele também, acho mais que perfeito vocês juntos.
Adriana fala uma coisa atrás da outra, mas meu cérebro parece ter congelado.
- Ele disse que apostava que consegui ficar com você. Eu disse ser impossível, afinal, você é muito dura e não ia cair no papo dele.
- Ele apostou? - Minha cabeça ainda está dormente, então não consigo pensar em muitas coisas. Mas meu coração dá uma pontada quando ela conta da aposta. Por algum motivo isso me deixa decepcionada. - Ele apostou com você?
Adriana me olha e balança a cabeça, afirmando.
- Ele só está afim de mim porque me pareço com a Laura, todos sempre dizem que parecemos gêmeas.
- É, tem isso também. - Pondera Drih. - Pode ser que seja por esse motivo, afinal, Felipe ainda não deve ter esquecido a Laura.
- Isso não é justo...
Adriana me olha como se não entendesse.
- Não é justo ele querer ficar comigo por um capricho dele. - Aumenta a dor no meu coração e uma raiva sobe em minha cabeça. - Ele só está pensando em si, não se importa em como vou me sentir quando ele me deixar por não conseguir responder a suas expectativas, porque nunca poderei ser como a Laura. Então por que ele está fazendo isso?
Agora tudo faz sentido, todo aquele papo, toda a sua gentileza, tudo isso para tentar me conquistar.
Por um segundo pensei que poderia está me apaixonando por ele, e pior, cheguei a pensar que ele também estava gostando de mim... Agora eu sei que tudo isso é porque eu o faço lembrar Laura, não tem nada a ver comigo. De certa forma, me sinto desapontada.
- Mari? - Adriana está me olhando com uma interrogação.
Tento respirar fundo e por meus pensamentos em ordem.
- Hum... Está tudo bem. - Sorrio. - Não tenho nenhum sentimento por ele. Felipe é apenas meu amigo... - Faço um pausa, e posso sentir o surgimento de mais um trinco em meu coração. Por que isso está me incomodando tanto? - Ele não conseguirá o que quer, pode ter certeza. Nunca ficaria com ele.
Não consigo acreditar nessas palavras, mas não posso demonstrar isso. Adriana sorri.
- Bem, foi o que imaginei. Ele realmente não lhe conhece como eu. - Ela pega o celular e parece olhar alguma mensagem que chegou. - Olha a hora! Vamos voltar para a sala.
Adriana sai caminhando na minha frente e eu a sigo. Enquanto caminho sinto como o chão estivesse sumido, e minha cabeça fica a mil. O que é isso Mariana?! Por que estou me importando tanto com isso? Não pense mais nisso. Chega!
Volto para meu lugar sem responder ao sorriso que Felipe me lança. Você não é justo, penso. Coloco toda a minha atenção apenas no professor, mas não posso deixar de tonar a interrogação formada na feição de Felipe.
***
Permaneço sem falar com Felipe. Na hora do intervalo me levanto rápido antes que ele possa dizer algo. Saio caminhando rapidamente, não sinto fome, então vou para o jardim que fica isolado atrás do campo de futebol. Ninguém vem aqui por ser um lugar meio distante dos prédios, então só encontro o jardineiro que está aguando as flores, ele olha para mim e sorrir, depois volta ao seu serviço.
Ainda bem que não tive que sorrir de volta, suponho que não fosse conseguir. Ando mais um pouco até achar um lugar mais escondido atrás de umas árvores, eu me agacho e cruzo os braços por de cima dos meus joelhos, fico um tempo só com aquele silêncio e a brisa balançando as folhas. Então abaixo a minha cabeça e choro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário